terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Proteção antes e depois da infecção


Em teste com ratos, nova vacina mostra-se capaz de evitar a tuberculose mesmo em indivíduos já infectados que ainda não desenvolveram a doença. A expectativa é que ela esteja disponível ao público em 2020.
Por: Catarina Chagas

Proteção antes e depois da infecção
Radiografia de paciente com tuberculose. Nova vacina, ainda em fase de testes com ratos, é capaz de prevenir a doença e evitar a sua manifestação em pacientes já infectados. (foto: Sinc)
Geralmente, quando se fala em vacina, a ideia é prevenir a contração de doenças. Pesquisadores do Instituto Statens Serum, na Dinamarca, porém, trabalham no desenvolvimento de uma vacina que funciona para proteger tanto pessoas nunca infectadas pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, causadora da tuberculose, quanto indivíduos que já carregam o microrganismo sem desenvolver a doença.
A estratégia é importante porque uma particularidade da M. tuberculosis é a sua capacidade de corromper a resposta imune do hospedeiro e estabelecer uma infecção latente, sobrevivendo no ambiente intracelular por vários anos. Essa infecção ‘adormecida’ pode se transformar em doença quando ocorre um problema com o sistema imunológico do hospedeiro, como no caso de portadores da Aids.
As candidatas a vacinas contra tuberculose que estão na fase de ensaios clínicos são vacinas profiláticas
Em artigo publicado esta semana na Nature Medicine, os pesquisadores apresentam os resultados positivos da nova vacina em testes com ratos – uma das etapas iniciais de avaliação do novo imunizante, antes que este seja testado em humanos.
Até agora, as candidatas a vacinas contra tuberculose que estão na fase de ensaios clínicos são vacinas profiláticas, ou seja, desenhadas para atuar em pessoas que ainda não tiveram contato com o agente infeccioso.

Método inovador

A novidade da nova vacina está na aplicação de antígenos – trechos capazes de estimular a reação do sistema imunológico – específicos para combater, além da infecção inicial, a M. tuberculosis latente.
Esses antígenos foram inseridos no DNA da bactéria Escherichia coli, que, por sua vez, foi injetada em ratos. Os testes mostraram que, após a exposição dos animais ao agente causador da tuberculose, a vacina foi capaz de controlar a reativação da M. tuberculosis – prevenindo a manifestação da doença – e reduzir a quantidade dessas bactérias no organismo – diminuindo as chances de transmissão da infecção.
Bactéria E. coli
Micrografia eletrônica de um aglomerado de bactérias 'Escherichia coli', ampliada 10.000 vezes. Pesquisadores dinamarqueses inseriram no DNA da bactéria antígenos específicos para combater a tuberculose em fase inicial e latente. (foto: Eric Erbe e Christopher Pooley / USDA, ARS)
Atualmente, a única vacina disponível contra a tuberculose é a BCG, que protege as crianças apenas contra as formas raras da doença – e que não é capaz de evitar completamente as infecções latentes.
“Esperamos que a nova vacina seja eficaz contra todos os tipos de tuberculose e que impeça a manifestação de infecções latentes em caso de imunossupressão”, afirma Peter Andersen, um dos autores do artigo. “Acreditamos que ela possa estar disponível para o público em 2020”, acrescenta.

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