Agência USP
SÃO PAULO - Uma dieta rica em vitaminas B6, B9 e B12 e em metionina - um dos 20 tipos de aminoácidos existentes - é eficaz na proteção do organismo contra o câncer de pulmão. Segundo pesquisas da Faculdade de Saúde Pública da USP, essas substâncias ajudam a prevenir a doença, pois atuam na frente cancerígena que não está relacionada apenas a mutações genéticas. Além das causas mais conhecidas da doença, como alterações genéticas, poluição do ar ou fumo, duas outras vias podem aumentar o risco de incidência: a alteração nos padrões de metilação dos genes e o baixo nível de síntese de nucleotídeos - unidades que formam o DNA. “É nesses dois caminhos que as vitaminas vão atuar”, explica a pesquisadora Valéria Troncoso Baltar, doutoranda em Saúde Pública na FSP.
A metilação do DNA consiste na adição do radical metil - um átomo de carbono ligado a três átomos de hidrogênio (CH3) - aos genes. “Ela é necessária porque atua na manutenção, regulação e integridade do código genético”, afirma Valéria. Porém, a metilação em padrões inadequados, em excesso ou em falta tem efeito cancerígeno.
O consumo das vitaminas em níveis satisfatórios mantém os padrões adequados de metilação porque elas atuam no ciclo de remetilação. Tal ciclo trabalha em equilíbrio com os aminoácidos metionina e homocisteína, que por meio de processos químicos se transformam um no outro.
Se o equilíbrio for rompido, o nível adequado de metilação do DNA também é afetado e isso pode desencadear o câncer. Segundo Valéria, esse ciclo “pode ser quebrado pela falta de vitaminas B6, B9 e B12”, o que justifica a alimentação balanceada.
Os estudos também mostram que, quanto maior a presença de metionina no organismo, menor é a verificação da incidência de câncer de pulmão. Assim, a própria ingestão direta desse aminoácido também é benéfica na prevenção da doença.
As principais fontes de vitamina B6 são cereais e grãos, enquanto vitamina B12 e aminoácido metionina são encontrados em carnes e produtos lácteos. Folhas verdes escuras e feijões são fontes de vitamina B9 (folato).
Síntese de nucleotídeos
Nucleotídeos são as unidades constituintes da fita do DNA. A produção dessas unidades está ligada à multiplicação celular. De acordo com as pesquisas, o desenvolvimento do câncer de pulmão também pode estar associado à síntese de nucleotídeos. “Nesse caso, o folato age de forma mais direta ao atuar na síntese. Seu baixo nível no organismo prejudica a renovação celular, aumentado o risco da doença”, explica a pesquisadora.
Para a realização do estudo, foram analisadas 891 amostras de sangue de pessoas com câncer de pulmão em comparação com 1.747 amostras de pessoas saudáveis. As pesquisas da FSP fazem parte de um grupo de pesquisas maior, que engloba 10 países, cada um buscando causas diferentes para a doença.
“Aqui tentamos entender como as substâncias atuam e quais são suas consequências”, declara Valéria. O trabalho teve a orientação do professor Julio Cesar Rodrigues Pereira, do Departamento de Epidemiologia da FSP da USP.
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