quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Biorremediação: ato de remediar


É claro que é preferível prevenir do que remediar, mas é sempre bom estar preparado para reverter ou pelo menos mitigar danos causados ao meio ambiente, este é o objetivo da Biorremediação, consiste na utilização de seres vivos ou seus componentes na recuperação de áreas contaminadas. Geralmente são processos que empregam microrganismos ou suas enzimas para degradar compostos poluentes. A Biorremediação: ato de remediar, foi desenvolvida durante as décadas de 1980 e 1990. Atualmente, essas técnicas têm sido empregadas para a atenuação da poluição ambiental causada por atividades de mineração e eliminação de efluentes tóxicos e pela extração, transporte e transformações químicas do petróleo, buscando recuperar águas ou solos contaminados.

Na atenuação natural a possibilidade de saturação do solo é muito ampla em se tratando de Hidrocarbonetos, portanto é bem provável que se utilize outras substâncias. As substâncias inorgânicas são nocivas ao meio ambiente, contaminando o subsolo com outros componentes que não existiram anteriormente. Na Biorremediação usa-se microrganismos, fungos, plantas, algas verdes ou suas enzimas para que o ambiente contaminado retorne a sua condição original, podendo ser empregada para atacar contaminantes específicos no solo e águas subterrâneas, tais como a degradação de hidrocarbonetos do petróleo e compostos orgânicos clorados pelas bactérias. Um exemplo mais geral é a limpeza de derramamentos do óleo pela adição dos fertilizantes de nitrato ou de sulfato para facilitar a decomposição do óleo pelas bactérias presentes no meio.
Quando comparadas com métodos tradicionais, as técnicas de biorremediação são interessantes devido ao seu baixo custo, por apresentarem riscos ambientais menores, além de serem mais específicas e eficientes do que métodos tradicionais. Por este motivo a biorremediação, tratamento de efluentes através da utilização de OGMs – organismos geneticamente modificados , sejam as áreas mais promissoras da  Biotecnologia pela relevância ambiental.

Jiboia é capturada com os filhotes em empresa no interior de SP

Os reptéis estavam perto do refeitório.
Eles foram capturados pela Polícia Ambiental de Sorocaba.

Do G1 SP, com informações da TVTEM.Com
Jiboia e 17 filhotes são encontrados perto de refeitório de empresa em SorocabaJiboia e filhotes são capturados pela Polícia Ambiental de Sorocaba (Foto: Gustavo Ferrari/ TVTEM.Com)
Uma jiboia, medindo mais de um metro de comprimento, foi capturada na tarde desta terça-feira (18) por policiais ambientais de Sorocaba, a 99 km de São Paulo. O animal estava em um buraco com seus 17 filhotes, perto do refeitório de uma empresa.
Os répteis foram levados à sede da Polícia Ambiental. Os bichos estavam calmos e a captura ocorreu sem problemas.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Diretor geral da Águas do Brasil, responsável pelo abastecimento em Friburgo: A gente passa a repensar como o ser humano está tratando a natureza


Trabalhadores da Águas de Friburgo. Foto: divulgação


RIO - Seis estações de tratamento de água entupidas pela lama, por pedras e galhos de árvore, energia elétrica cortada e milhares de pessoas em meio ao caos. Essa foi a situação que o engenheiro civil Cláudio Abduche encontrou na quarta-feira passada em Friburgo, de onde retornou no domingo.
- Parecia que uma grande tsunami havia passado pelo lugar. Nunca vivenciei nada parecido -, diz ele, que, com 27 anos de profissão, participou de obras de grande porte, como a construção da Linha Vermelha.
Abduche é diretor geral da Águas do Brasil, que tem entre suas concessionárias a Águas de Friburgo. Para enfrentar a situação, a empresa montou uma operação de emergência, ampliando de 280 para 400 o número de profissionais atuando na região. Funcionários de Campos, Resende, Niterói e Petrópolis, e até o departamento de Recursos Humanos. foram deslocados para Friburgo.
A logística para manter o pessoal no município incluiu o aluguel de uma pousada - já que o alojamento da empresa não é suficiente - e a viagem diária até Niterói para a compra de alimentos. As refeições estão sendo preparadas na cozinha da empresa, onde há um refeitório.
Um dos momentos mais críticos para as equipes da concessionária - que teve um de seus funcionários entre os mortos pela enxurrada - foi a tentativa de chegar até a estação de Rio Grande de Cima, a maior delas, localizada no bairro São Geraldo.
- Ali, a estrada desapareceu após a queda de várias barreiras. Tivemos de refazer a estrada - conta o executivo.
Vontade de ajudarAssim como o cenário desolador, também chamou a atenção do engenheiro nos últimos dias a mobilização popular para socorrer as famílias desabrigadas.
- O voluntariado, essa vontade de ajudar as pessoas em dificuldade, me impressionou muito. Toda essa situação também faz pensar sobre como o ser humano está tratando a natureza - destaca.
Os técnicos, mesmo sem querer, também acabam sendo voluntários, quando ouvem os relatos dos desabrigados enquanto fazem seu trabalho.
- Acho importante fazer com que essas pessoas (as vítimas) falem sobre o que estão passando - diz Abduche, que defende a criação no país de "mecanismos que possam minimizar essas tragédias".

O preço de não escutar a natureza

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.
Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos.
Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.
A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver.
Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição.
Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.
Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.
Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras.
O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam.
Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água.
Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens.
Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.
No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas.
Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles.
Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar.
O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.
Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.
Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

Leonardo Boff com Mark Hathway escreveram The Tao of Liberation:exploring the ecology os transformation, N.Y.2010.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Chuva é a última a ser culpada, diz cientista


O Brasil tem especialistas e tecnologia para prevenção e gestão de enchentes, mas falta vontade política, diz a epidemiologista belga Debarati Guha-Sapir, diretora do Cred (Centro de Pesquisas sobre Epidemiologia de Desastres), referência mundial na área, e professora da Universidade de Louvain, em Bruxelas. Para ela, as chuvas não devem ser culpadas pela tragédia no Rio. "Também tivemos chuvas fortes na Bélgica, mas ninguém morreu."
 A entrevista é de Sabine Righetti e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 15-01-2011.
Eis a entrevista.
A sra. disse recentemente que os desastres causados por chuvas no Brasil poderiam ter sido previstos pelas autoridades. Como isso seria feito?
Toda catástrofe tem, diríamos, dois lados positivos. Primeiro, tendem a acontecer no mesmo lugar de tempos em tempos - diferentemente dos terremotos, que sempre pegam de surpresa. Zonas de risco de inundação costumam ser bem conhecidas por autoridades e moradores.
Segundo: a engenharia e a tecnologia já têm soluções eficazes para inundações. E muitas têm custos relativamente baixos, como aterros e drenagem. Outras são mais caras, como os açudes. Mas todas são eficientes.
Temos tecnologia suficiente?
O Brasil não é mais um país pobre. A maioria das tecnologias importantes para prevenção e administração de enchentes -da engenharia civil, hidrologia, urbanismo e planejamento e gestão de inundações- não precisa só de conhecimento técnico, mas de recursos.
Isso significa que é preciso ter pessoas especializadas e equipamentos adequados para as ações de prevenção. A única coisa que falta ao Brasil é vontade política. As autoridades precisam priorizar a gestão de inundações. O problema não é falta de especialistas ou de tecnologia. Alguns dos melhores profissionais estão no Brasil.
Então, mais pessoas morreram no Brasil do que na Austrália por falta de ações de prevenção do governo?
Sim. Isso ocorreu devido à falta de preparo e prevenção para lidar com as fortes chuvas. O Brasil, ainda que não seja um país pobre, ainda tem muitas diferenças sociais entre a parte mais pobre e a mais rica da sua população.
Quem vive nas zonas de riscos são pobres, muitas vezes analfabetos. Eles não têm uma educação mínima para compreender os riscos nem recursos financeiros para viver em casas melhores.
Na Austrália, toda a população é alfabetizada e o governo tem programas para atender as vítimas, para fazer avisos de riscos via rádio e para ajudar a população a evacuar, se necessário.
A tragédia no Rio afetou também áreas ricas, onde viviam pessoas com mais educação.
Elas provavelmente não devem ter ideia dos riscos, mas, se forem pobres, não há muito que possam fazer para evitar o riscos. Então o governo tem de ajudar.
O desastre no Rio foi causado pela urbanização caótica, por omissão do governo sobre os riscos ou pelas chuvas fortes? Ou pela soma de fatores?
A chuva forte é o último fator a ser mencionado. Tivemos chuvas fortes na Bélgica neste ano e, sim, tivemos inundações. Mas ninguém morreu e, na maioria dos casos, as cheias foram contidas.
O principal problema do Rio certamente é a urbanização caótica e o mal uso dos recursos públicos.
Para ler mais:
•     ''Brasil não é Bangladesh. Não tem desculpa'', afirma consultora da ONU

Rio foi alertado em 2008 sobre risco de desastre em região onde 547 já morreram

Um estudo encomendado pelo próprio Estado do Rio de Janeiro já alertava, desde novembro de 2008, sobre o risco de uma tragédia na região serrana fluminense -como a que ocorreu na última segunda-feira e que já deixou ao menos 547 mortos.
A reportagem é de Evandro Spinelli e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 15-01-2011.
A situação mais grave, segundo o relatório, era exatamente em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, os municípios mais devastados pelas chuvas e que registram o maior número de mortes. Essas cidades tiveram, historicamente, o maior número de deslizamentos de terra.
O estudo apontou a necessidade do mapeamento de áreas de risco e sugeriu medidas como a recuperação da vegetação, principalmente em Nova Friburgo, que tem maior extensão de florestas.
O estudo apontou que Petrópolis e Teresópolis convivem com vários fatores de risco diferentes - boa parte da área urbana em montanhas e planícies fluviais - e podem ser atingidas por desastres "capazes de gerar efeitos de grande magnitude".
Sobre Nova Friburgo, o documento relata que boa parte de sua população vive em áreas de risco. A cidade registra um dos maiores volumes de chuva do Estado do Rio.
O secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse que o mapeamento de áreas de risco foi feito, faltando "apenas" a retirada dos moradores, e que os parques florestais da região também foram ampliados.
O governo do Rio gastou dez vezes mais em socorro a desastres do que em prevenção em 2010. Foram R$ 8 milhões para contenção de encostas e repasses às prefeituras contra R$ 80 milhões para reconstrução.
O mesmo acontece com o governo federal, que gastou 14 vezes mais com reconstrução do que com prevenção. Neste ano, a União já liberou R$ 780 milhões para ajudar locais atingidos por enchentes e recuperar rodovias.
ESTUDO
O estudo feito a pedido do governo do Estado em 2008 não apontou os locais exatos de risco de deslizamentos, mas levantou as cidades com maior número de desastres naturais entre 2000 e 2007 e os níveis de ocupação.
A geógrafa Ana Luiza Coelho Netto, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e coordenadora do trabalho, disse que o estudo tinha o objetivo de apontar regiões vulneráveis. Por isso, afirmou, não foi possível detalhar os pontos exatos de risco aos moradores. "A partir do estudo poderiam ter feito um detalhamento maior nas áreas mais problematizadas."
Ontem, em mais uma cidade apontada no relatório, Sumidouro, moradores contabilizavam os mortos. No município, com quase 90% de sua área na margem do rio, pelo menos 19 pessoas morreram. Segundo moradores, corpos foram retirados e enterrados por eles devido ao isolamento da região, que dificulta o resgate.
""Se não encontrarem meu filho, eu passo o resto da minha vida tirando aquela lama de lá", diz a lavradora Patrícia dos Santos, 24, que conseguiu escapar a tempo do desabamento de sua casa.

 
Japão e Chile dão ''banho'' no Brasil em prevenção



O Brasil, revelam números da ONU, é uma grande prova de que ser "abençoado" pela natureza, bem longe de terremotos, furacões e vulcões, não significa menos mortes em desastres naturais.
A reportagem é de Ricardo Mioto e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 15-01-2011.
Sem contar o caso do Rio, o país teve mais de mil outras mortes nos últimos dez anos por tragédias naturais, praticamente todas em inundações ou deslizamentos.
Para comparar, países em partes mais azaradas do mundo, como Japão e Chile, deram um banho no Brasil em prevenção de tragédias.
Ainda que vulneráveis a terremotos e, no caso japonês, a tempestades, eles tiveram, respectivamente, 700 e 600 mortes na década.
É por isso que os especialistas são unânimes em dizer que o que faz um evento natural virar tragédia é o quanto se está preparado para ele, mais do que sua intensidade.
Por isso, pelos dados da ONU, o Haiti teve 230 mil mortos no terremoto de 2010. "Em 1992, tivemos na Califórnia um terremoto similar. Houve feridos, mas ninguém morreu, pois as construções ficaram em pé", diz Lisa Grant, da Universidade da Califórnia.

 
Mata, arrasa e leva embora



É a lama, é a lama. Poço Fundo, o sítio da família de Tom Jobim na pequena São José do Vale do Rio Preto, RJ, também foi parcialmente destruído pelas enchentes da região serrana. O rio que dá nome à cidade transbordou e arrastou casas, árvores e animais às suas margens, inclusive na propriedade que foi inspiração e cenário de, entre tantas canções de Tom, "Águas de Março" (1972).
O comentário é de Ruy Castro, escritor, e publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, 15-01-2011.
A letra do samba está cheia de imagens proféticas: é pau, é pedra, é o fim do caminho; é a chuva chovendo, é o fundo do poço, é a noite, é a morte; no rosto o desgosto, é um pouco sozinho - embora, na origem, o poeta estivesse descrevendo as águas que, fechando o verão, lavavam a alma e eram uma promessa de vida no coração do ouvinte.
Mais cruel ainda é saber que o delicioso "riachinho de água esperta", da letra de "Chovendo na Roseira" (1970), também se tomou de fúria destruidora ao se lançar no vasto rio de águas (não mais) calmas. E, em vez da "chuva boa,/ criadeira,/ que molha a terra,/ que enche o rio,/ que lava o céu,/ que traz o azul", veio aquela que, com a ajuda da imprevidência humana, mata, arrasa e leva embora.
Tom via a chuva como uma força benigna, regeneradora. Outro exemplo está na letra de "Correnteza" (1975), dele com Luiz Bonfá: "Depois da chuva passada/ Céu azul se apresentou/ Lá à beira da estrada/ Vem vindo o meu amor...". Não que ele desprezasse a força da natureza quando provocada: "Cadê meu caminho, a água levou/ Cadê meu rastro, a chuva apagou/ E a minha casa, o rio carregou", escreveu em "Passarim" (1985).
Tom bem que fez a sua parte. Ao assumir a direção do sítio, cerca de 1970, propôs-se a ressuscitar a mata nativa da região, praticamente destruída. Quase metade dela se recuperou. Mas não houve tempo para que aquela terra, tão rica de música e poesia, se salvasse da correnteza cega e surda.

 
Mais de 3 mil km2 de florestas estão em risco na Amazônia, diz estudo   

Entre agosto de 2010 e julho de 2011 a Amazônia pode perder, pelo menos, 3.700 quilômetros quadrados de floresta, segundo o Boletim de Risco de Desmatamento, publicado pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
A notícia é de Amazonia.org.br, 14-01-2011.
Segundo o documento, a maior parte das florestas sob risco de desmatamento concentra-se no Pará (67%) e Mato Grosso (13%).  As áreas com maior probabilidade de desmatamento concentram-se principalmente ao longo da BR-163 (Rodovia Cuiabá- Santarém), BR-230 (Rodovia Transamazônica) e na região da Terra do Meio (PA).  Outras regiões de concentração estão localizadas no sudeste do Acre, norte de Rondônia e noroeste do Mato Grosso.
Áreas privadas, devolutas ou em conflitos por posse concentraram 59% dessas áreas, enquanto que outros 25% estão dentro de assentamentos de reforma agrária.  As Unidades de Conservação e Terras Indígenas concentram 12% e 4% das áreas sob risco de desmatamento, respectivamente.
O Boletim também elencou os municípios que possuem alto risco de desmatamento.  São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso, todos no Estado do Pará, são os três municípios com maior área sob risco de desmatamento, acumulando 22,6% do total.
Para desenvolver a pesquisa o Imazon desenvolveu um modelo de risco de desmatamento baseado em técnicas geoestatísticas, que permitem estimar o risco de desmatamento futuro com base na distribuição espacial do desmatamento passado, e fatores que contribuem para a ocorrência do desmatamento, como a proximidade de estradas e rios navegáveis, custo de transporte de madeira, topografia, elevação de terreno, declividade e existência ou não de unidades de conservação.
Veja o relatório "Risco de Desmatamento - Janeiro de 2011"

Casca de banana pode despoluir água


“Yes, nós temos banana!” Engana-se quem pensa que esta fruta tropical serve apenas para matar a fome e é rica em potássio e fibras. A casca da banana, esnobada por muitos, tem um valor inimaginável.
Um projeto da doutoranda da Ufscar (Universidade Federal De São Carlos, no interior de São Paulo) Milena Boniolo demonstra que a partir de um pó feito com a casca da fruta, é possível descontaminar água com metais pesados.
Boniolo teve a ideia após assistir uma reportagem sobre o desperdício da fruta no Brasil. “Só na Grande São Paulo, quase quatro toneladas de cascas de banana são desperdiçadas por semana. E isso é apenas nos restaurantes”, diz em entrevista para a Folha.com.
A pesquisadora já trabalhava com estratégias de despoluição da água, porém todos os métodos sempre foram muito caros, como as nanopartículas magnéticas, inviabilizando o uso em pequenas e médias indústrias.
Como a casca da banana tem pouco interesse comercial, existem empresas dispostas a até doá-las. “O volume de sobras de banana é muito grande, as empresas têm gastos para descartar adequadamente esse material. Isso é um incentivo para que elas participem das pesquisas”, afirma Boniolo.
O método de despoluição se baseia no seguinte princípio: os opostos se atraem, pois na casca da banana existe grande quantidade de moléculas carregadas com carga negativa. Elas atraem os metais pesados, positivamente carregados.
Eu comecei fazendo em casa. É realmente muito fácil“, diz a pesquisadora. As cascas de banana são colocadas em assadeiras e ficam secando ao sol durante quase uma semana. O material é triturado e, depois, passa por uma peneira especial. Isso garante que as partículas sejam uniformes. O resultado é um pó extremamente fino, que é adicionado à água contaminada. Para cada 100 ml a serem despoluídos, usa-se cerca de 5 mg do pó de banana.
Já em laboratório, o índice de descontaminação foi de 65% a cada vez que a água passava pelo processo. Logo, se for colocado em prática repetidas vezes, é possível chegar a altos níveis de “limpeza”.
O projeto, que foi apresentado na dissertação de mestrado da pesquisadora no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), foi pensado com urânio, mas, segundo Boniolo, é eficaz também com outros metais, como cádmio, chumbo e níquel, muito usados na indústria.
Boniolo ganhou o Prêmio Jovem Cientista e recebeu convite para apresentar a ideia no Brasil e na Inglaterra.

2011 o Ano Internacional das Florestas

O ano de 2011 foi escolhido pela ONU para ser o Ano Internacional das Florestas.  O objetivo é sensibilizar a sociedade mundial para a importância da preservação das florestas como forma de garantir a vida no planeta. Segundo dados do PNUMA, publicados no site Planeta Sustentável, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta, servindo de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo e, ainda, garantindo, de forma direta, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da biodiversidade terrestre.
Durante a COP-16, no final do ano passado, foram aprofundadas as discussões sobre o REDD, mecanismo que fomenta a redução de emissões por desmatamento e degradação, garantindo assim novas formas de proteção e preservação florestal.
Para celebrar o Ano Internacional das Florestas, a ONU realizará eventos em parceria com diversos países durante todo o ano de 2011. Entre os eventos já programados, está o International Forest Film Festival, que será realizado em fevereiro, na cidade de Nova Iorque. Outras ações poderão ser acompanhadas no site oficial da iniciativa.
No Brasil, o Ano Internacional das Florestas poderá ser comemorado com a aprovação do novo Código Florestal e do Projeto de Lei Complementar nº 01/2010, que regulamenta o artigo 23 da Constituição.
O projeto do novo Código Florestal prevê redução das áreas de preservação permanente (APPs), como matas ciliares e topos de morro, e as reservas legais (RLs), que são partes de propriedades privadas que não podem ser desmatadas.
Atualmente, as APPs nas margens de rios são de 30 metros; no novo Código seriam reduzidas para 15 metros.  O projeto também propõe a isenção de reserva legal para a agricultura familiar e o desconto de até quatro módulos fiscais para o cálculo da reserva em médias e grandes propriedades.
Já o Projeto de Lei Complementar nº 01/2010, com texto original do deputado Sarney Filho (PV-MA), mas com fortes modificações da bancada governista e ruralista, retira do IBAMA seu poder de fiscalização. Segundo emenda acrescentada no projeto, a fiscalização ambiental só poderá ser feita pela esfera licenciadora. Desta forma, somente o Estado poderá multar quem desmatar ilegalmente ou legalmente.
Vamos torcer e lutar para que estes “eventos” não sejam realmente realizados aqui no Brasil. Seria uma derrota tanto para o país, quanto para o mundo se a legislação ambiental brasileira fosse exterminada desta forma, ainda mais sendo este o Ano Internacional das Florestas. Discussões e celebrações são sempre bem-vindas, mas objetivando a sensibilização e a preservação, nunca a destruição.